quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Santo André Kim e os mártires da Coréia





Há 25 anos, João Paulo II canonizou, sem Seul, Santo André Kim e seus 102 companheiros mártires da Coréia. A Igreja coreana, é, talvez, o único caso no mundo católico, de ter sido fundada por iniciativa de apóstolos leigos. Foi no início do séc. XVII que alguns leigos, por meio do livro do padre Mateus Ricci, "A verdadeira doutrina de Deus", tomaram conhecimento da fé cristã. A comunidade cristã foi sustentada só por leigos até 1831, quando chegaram, de forma clandestina, os primeiros missionários, vindos da França.
A perseguição cruenta aos cristãos já havia sido iniciada em 1785 e continuou com intervalos, até 1822, deixando um saldo de mais de dez mil mártires. Uma verdadeira carnificina. Foram canonizados apenas 103 mártires por existirem testemunhos e notícias documentadas. 
André nasceu em 1821, numa família da nobreza coreana, profundamente cristã. Seu pai, por causa das perseguições, havia transformado a própria casa numa "igreja doméstica", como o faziam os primeiros cristãos. Ali, reuniam-se para rezar, conhecer o Evangelho e receber os sacramentos. Tudo ia bem até ele ser denunciado e morto, aos 44 anos de idade, por não renegar a fé em Cristo. André tinha 15 anos e sobreviveu com os familiares, graças à ajuda dos missionários franceses, que os enviaram à China. Em Macau, então colônia portuguesa na China, André preparou-se para trabalhar no meio de sua gente, mas acabou descoberto e preso. Como era nobre, foi pessoalmente interrogado pelo rei, com o intuito de fazê-lo renegar a fé e de denunciar seus companheiros. Como não o fez, foi torturado e decapitado, aos 25 anos de idade. No mesmo período foram martirizados 102 homens, mulheres, idosos, jovens, crianças; ricos e pobres. Na sua grande maioria eram leigos. 
Conservam-se diversos testemunhos dos processos aos mártires, que demonstram admirável fidelidade a Cristo. Teresa Kwon, por exemplo, respondeu ao juiz que queria que ela renegasse a fé: "Dado que o Senhor do céu é o Pai de toda humanidade e de toda a criação, como podeis pedir-me para o trair? Se neste mundo aquele que trair o pai ou a mãe não é perdoado, com maior razão, não posso nunca trair aquele que é o Pai de todos nós!"
Ágata Ti, de 17 anos, quando deram a ela e ao seu irmão mais novo a falsa notícia de que seus pais tinham renegado a fé, respondeu: "Se meus pais traíram ou não, é coisa deles. No que nos diz respeito, não podemos trair o Senhor do céu que sempre servimos."
Tertuliano, por volta do ano 200, escreveu: "O sangue dos mártires é semente de novos cristãos." Foi isso que ocorreu na Coréia como exemplo admirável da evangelização dos leigos e da graça de Deus. Aliás, também para nós, ainda hoje, é importante sublinhar que a primeira e insubstituível força de evangelização é o nosso testemunho de vida. Este fala muito mais forte que belas palavras e leva as pessoas para Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário