quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Vencendo barreiras nos relacionamentos
Se não tivéssemos aprendido um pouco sobre a metamorfose das borboletas, sequer poderíamos imaginar que o mesmo inseto que esvoaça entre flores tenha sido uma asquerosa lagarta, a qual semanas antes estava rastejando pelo mesmo jardim.
Foram necessárias interesse e maturidade para estudar o delicado comportamento dessas lagartas, do contrário, teríamos nos empenhado no extermínio daquelas devoradoras de plantas e erradicaríamos da natureza a beleza colorida que vivifica os bosques. Uma dedicação semelhante se faz necessária para cada um de nós quando a questão envolve vidas e diferenças de comportamentos.
Como seria fácil se, para nosso convívio diário, - diante das divergências e na tentativa de convencer alguém sobre uma determinada opinião - pudéssemos inserir um cartão de memória pré-programado para obter os resultados esperados, como fazemos em máquinas... ou ainda, não estando satisfeitos com as atitudes e procedimentos de alguém, simplesmente cortássemos o contato com ele, como podamos os ramos de uma arvore em nosso jardim. Por diversas vezes já tivemos vontade de "abrir" a cabeça de alguém e fazer com ele entendesse o nosso pensamento para que vivesse a nossa vontade. Entretanto, bem sabemos que, diante de tais desafios, muitas vezes, tomamos atitudes enérgicas, apoiadas em nosso autoritarismo. Se assim agirmos, estaremos sufocando a "metamorfose" na vida daqueles que ainda precisarão atingir o próprio amadurecimento, tal como ocorre com as borboletas.
Quem se abre aos relacionamentos deverá estar sempre disposto a resgatar a saúde do convívio, mesmo quando inúmeras situações indicarem a facilidade da fuga como válvula de escape. É verdade que somente nos desentendemos com aquelas que realmente convivemos e, de maneira especial quando as coisas não vem ao encontro das nossas cômodas intenções. Muitas vezes, preferiríamos viver numa ilha, isolados de tudo e de todos, especialmente quando experimentamos as asperezas dos desentendimentos, comuns e pertinentes às nossas amizades. Em outras ocasiões, surge até o desejo de pegar um dos nossos amigos pelo pescoço, chacoalhá-lo e jogá-lo contra a parede. Certamente, tal vontade tem de ser controlada, já que esse sentimentos tende a desaparecer com a mesma velocidade com que emergiram no calor dos ânimos exaltados. Contudo, a lição proposta pela vida é de sempre conquistarmos alguns passos à frente na caminhada que estamos trilhando rumo à maturidade. Mas como fazer com que um infortúnio se torne uma história de superação? Sem culpar pessoas ou acontecimentos, passemos a considerar as consequências do empasse que estamos enfrentando. Sem parar na dificuldade, busquemos as possíveis soluções a nosso alcance. Pois, assim como o rochedo desafia um alpinista, as nossas diferenças permanecerão imóveis até que nos coloquemos em ação para superá-las.
Tal como as ondas do mar roubam as areias sob nossos pés, as desavenças, impaciências, irritações, invejas solapam os alicerces das nossas amizades. Penso não existir coisa mais descabida em uma relação pessoal do que o ato de "dar um gelo", como alguns preferem dizer: "Matar fulano no coração", ou seja, esquecê-lo. Ignorar, mudar de calçada ou desconsiderar a presença de alguém, que antes fazia parte do nosso círculo de amizade, faz com que retrocedamos ao tamanho das picuinhas dos seres mais ínfimos que podemos imaginar. Seríamos injustos se comparássemos tais atitudes ao comportamento infantil, pois, na natureza peculiar as crianças, sabemos que logo após seus acessos de raiva, estas instantaneamente voltam a amizade sem nenhum ressentimento ou mágoa.
Pelos motivos acima apontados, muitas vezes ferimos os sentimentos daqueles com quem convivemos; talvez na mesma intensidade de uma agressão física.
Para nós adultos, reviver a aproximação com alguém que tenha nos ferido não é uma atitude fácil. Ninguém é superior o bastante para estar livre dos erros e deslises em seus relacionamentos. Podemos ser vítimas, também, de nossos próprios ataques que, refletidos em atos potencializados pela ira, descontentamento ou ciúme, tenham decepcionado um amigo com nossas grosserias ou indiferenças. O restabelecimento desses abalos em nossas relações, ainda que não seja algo fácil poderá ser possível ao tomarmos a iniciativa da reaproximação, por exemplo, a partir das atividades ou coisas que eram vividas em comum.
"Atire a primeira pedra aquele que nunca errou". Assim, ao nos colocarmos na mesma condição - sujeitos aos mesmos erros - justificaremos a atitude do destrato sofrido não como sendo um comportamento próprio do nosso amigo, mas como o resultado de uma faceta ainda desconhecida dentro de nosso convívio, a qual precisará ser trabalhada.
Pax!
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